Mãe e padrasto são presos por torturar menina de 4 anos por três meses
Um
casal foi preso suspeito de torturar uma criança de apenas 4 anos, em
Niquelândia, região norte de Goiás. Segundo a Polícia Civil, a mulher, de 22
anos, e o homem, de 24 anos, – mãe e padrasto da vítima – agrediam a menina com
frequência com o intuito de castigá-la. Ela, inclusive, apresentava marcas e
lesões variadas por todo o corpo. Em depoimento, os dois alegaram que agiam
para corrigir “coisas erradas” que a garota fazia.
O
caso veio à tona na última terça-feira (17). A família vivia em uma propriedade
rural da cidade. O delegado Cássio Arantes do Nascimento, responsável pelo
caso, disse que a avó materna foi quem descobriu o crime.
“Estranhando
o fato de não vê-los há um bom tempo, ela foi até o local, notou a menina
machucada e acionou o Conselho Tutelar. No mesmo dia, ela foi retirada do
convívio do casal”, disse ao G1.
Ato
contínuo, o Conselho avisou a Polícia Civil. Na quarta-feira (18), agentes
foram ao local, mas o casal havia fugido. Por acaso, eles encontraram o homem
caminhando por uma rua da cidade e o prenderam em flagrante. Ele até se
apresentou com um nome falso, mas os policiais já tinha o reconheceram.
Na
delegacia, foi descoberto ainda que havia um mandado de prisão contra ele
aberto desde o ano passado. Condenado por furto, ele ganhou o benefício do
semiaberto, mas não cumpriu as determinações e teve a regressão do regime
expedida pela Justiça.
Horas
depois, a mulher dele esteve na delegacia e também foi detida. O delegado disse
que o casal ainda não possui advogado.
Lesões pelo corpo
A
criança apresenta lesões diversas por todo o corpo, tanto recentes quanto mais
antigas. O delegado acredita que ela era agredida há pelo menos três meses,
quando o casal começou a morar junto.
A
menina já passou por exames no Instituto Médico Legal (IML). O responsável pelo
caso disse que a perícia constatou agressões com varas, fios e castigos que a
obrigava ficar ajoelhadas durante horas. Durante o depoimento, o padrasto negou
que torturava a criança, mas admitiu que já havia batido nela.
“Em
seu interrogatório, ela disse que deu duas surras nela porque ela fazia coisas
erradas. Entre elas, beijar na boca um garoto de 7 anos. Porém, é algo que não
se sustenta”, acredita.
A
mãe, por sua vez, negou qualquer tipo de agressão física. “Ela afirma apenas
que colocava a filha de castigo, mas sem explicar nenhum detalhe que a
motivasse”, conta.
Pelas
evidências, o delegado não crê em nenhuma das versões e acredita que o casal
agiu deliberadamente com o intuito de fazer mal à criança. “Não foi para
corrigir. O que eles queriam era torturá-la, agredi-la, ir além do castigo”,
salienta.
Problemas
psicológicos
A
menina passará por uma avaliação psicológica. O delegado explicou que antes
mesmo desta análise, já é possível ver que a criança ficou com traumas
relacionados às agressões.
“Uma
tia, que já foi ouvida, nos disse que ela era uma criança normal, gostava de
brincar e já conversava normalmente. Agora, aparenta estar nervosa e desenvolveu
até uma gagueira”, afirma.
A
parente contou ainda que a irmã – mãe da criança – morava em Brasília e se
mudou para Niquelândia há cerca de 3 meses para morar com o companheiro, o qual
conheceu pelas redes sociais.
Após
ser resgatada pelo Conselho Tutelar, a menina está sob os cuidados da avó
materna.
Já o
casal está detido na Unidade Prisional de Niquelândia. Eles responderão por
tortura, cuja pena é de 8 anos. Porém, esse tempo pode aumentar se a Justiça
entender que o crime foi cometido de forma reiterada. // G1
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