Oeste baiano: Força-Tarefa flagra trabalho análogo ao de escravo no cultivo de eucalipto em Angical/BA
A
Polícia Rodoviária Federal (PRF) participou, dentre os dias 15 e 20 de abril,
de uma Força-Tarefa contra o trabalho escravo, coordenada pelo Ministério
Público do Trabalho. As ações ocorreram na região oeste da Bahia.
Cinco
trabalhadores foram encontrados em condições degradantes de trabalho em fazenda
situada no Município de Angical, cidade vizinha a Barreiras. A fazenda de
propriedade da Agropecuária Vallas cortava eucalipto para abastecimento de
fornos de frigoríficos e padarias da região. Para cada metro de madeira
cortada, eles recebiam entre R$ 10,00 e R$ 2,00, totalizando um salário de R$
230,00 por mês, após o gasto com instrumentos de trabalho, o que sequer
garantia o pagamento de um salário mínimo mensal.
Os
empregados dormiam em alojamentos precários, sem água potável para consumo e
não havia banheiro. Convivendo com escassez de alimentos, consumiam carne que
era conservada em sal. Eles também não tiveram as carteiras de trabalho
assinadas. Além disso, faziam suas atividades laborais sem qualquer Equipamento
de Proteção Individual (EPI), apesar de trabalharem com motosserras, informou
Alison Carneiro, auditor-fiscal do trabalho da Superintendência Regional do
Trabalho na Bahia.
Diante
do ocorrido, a força-tarefa libertou cinco trabalhadores que eram mantidos em
condições análogas à escravidão. Os trabalhadores resgatados foram encaminhados
para suas residências, em Barreiras, pela Força-Tarefa, como afirmou Inspetor
Fidel Vieira, da Polícia Rodoviária Federal.
Ao
todo, quatro empregadores foram fiscalizados. As outras empresas fiscalizadas
situavam-se em Correntina e em Barreiras. O auditor que participou da operação
esclareceu ainda que as habitações irregulares foram interditadas, tendo sido
lavrados mais de 30 autos de infração.
Os
trabalhadores identificados receberão três parcelas de seguro desemprego, além
dos seus direitos trabalhistas e indenizações de até R$ 20.000,00, segundo
afirmou Lidiane Barros, Auditora-Fiscal do trabalho da SRT/BA.
Na
quinta-feira (19), o representante da fazenda não compareceu à audiência
designada, ocasião em que deveria assinar a carteira de trabalho dos seus
empregados, e quitar todos os créditos trabalhistas. Diante disso, o Ministério
Público do Trabalho ingressou com ação civil pública solicitando indenização no
valor de 700 mil reais, além de solicitar à Justiça do Trabalho a
desapropriação da terra, pelo fato dela estar sendo utilizada para fins
ilícitos.
Os
relatórios de fiscalização serão encaminhados ao Ministério Público Federal e
ao Ibama para investigarem o crime de redução de trabalhadores em condições
análogas às de escravo, previsto no artigo 149 do Código Penal, e crimes
ambientais. Os trabalhadores receberão agora assistência social da Secretaria
de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, como esclarece Admar
Fontes Júnior, coordenador da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho
Escravo na Bahia. (F: PRF/BA)
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