Relatos sobre agressões por motivação política crescem nas redes sociais no 2º turno, mostra estudo
Desde que o segundo turno começou, relatos nas
redes sociais sobre agressão a gays e lésbicas e transexuais têm aumentado nas
redes sociais, assim como demonstrações de intolerância política motivada pela
escolha de candidatos por eleitores. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas
(FGV) traz dados dessa situação.
O estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV
mostra que os comentários sobre agressões por motivação política geraram 2,7
milhões de postagens desde que o segundo turno começou, contra 1,1 milhão nos
30 dias anteriores à eleição. Essas postagens repercutem denúncias de agressões
que circulam nas redes ou são notícias nos jornais.
É o caso do capoeirista Moa do Katendê, fundador do grupo de afoxé Badauê,
assassinado com 12 facadas após uma discussão num bar em Salvador. Segundo testemunhas, inclusive o dono do bar,
ele defendia o voto no PT e foi morto por Paulo Sérgio Ferreira de Santana,
eleitor de Bolsonaro. O assassino confessa o crime, mas nega que o motivo tenha
sido divergência política. Diz que matou Moa por ter sido xingado.
Há comentários também sobre relatos de agressões a gays, lésbicas
e travestis, agressões físicas e verbais. Muitos da comunidade LGBT dizem nas
redes que são vítimas de ameaças e xingamentos por parte de eleitores de
Bolsonaro. Em Porto Alegre, uma jovem foi agredida por três homens. Ela tinha
colado na bolsa um adesivo com a bandeira do movimento LGBT, onde havia a
inscrição “Ele, não”. Os agressores marcaram o corpo dela com uma suástica,
usando um canivete. O delegado afirmou que a vítima disse em seu depoimento que foi um caso
de homofobia.
Ao jornal "Folha de S. Paulo", o diretor do departamento
da Fundação Getúlio Vargas, que produziu o estudo, Marco Aurélio Ruediger, diz
que o gráfico registra relatos de agressões contra partidários de Bolsonaro
também. Ele disse que o discurso do ódio é generalizado, assim como as ações. E
que basta ver o atentado que Bolsonaro sofreu.
A condenação a esse tipo de comportamento contra pessoas LGBT ou
agressões por intolerância política é geral. Já surgiram iniciativas na
internet para mapear as denúncias e checar a veracidade. É o caso do site Vítimas da Intolerância organizado pela Entidade Open Knowledge
Brasil. Há outras iniciativas do gênero.
Depois do assassinato de Moa do Katendê, o candidato do PT,
Fernando Haddad, condenou na quarta-feira (10), todo tipo de violência:
"Veja bem, nós estamos conversando com todas as forças que queiram conter
a barbárie, que está em escalada no país. Nós temos que botar um fim nessa
violência. É demais o que está acontecendo", disse Haddad.
O candidato Jair Bolsonaro também repudiou a violência e, na
quinta-feira (11) disse que dispensa o voto de eleitores que cometem tais atos:
"Dispensamos esse tipo de voto. Não queremos a violência de quem quer que
seja, tenha votado em mim ou não, cometeu crime, vai ter que pagar", disse Bolsonaro.
Em editorial nesta sexta-feira (12), o jornal O Globo condenou o clima de
ameaças, intolerância e agressões. E, em relação à
manifestação dos candidatos, disse que:
“Agem de forma correta, porque a omissão equivale a dar um sinal
verde a quem será governado de que essas manifestações são legítimas. Nunca
são. É preciso ter consciência de que o preço a pagar será muito alto: o
descontrole social decorrente da violência disseminada é extremamente
arriscado, corrosivo, para qualquer governo. Eleição não é unção. A
legitimidade do poder político só acontece quando o eleito consegue se impor
como líder em um ambiente pacificado e democrático. Não deve interessar a
ninguém seguir um caminho diferente." (Fonte: G1)
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