Abate de 3 onças-pintadas em MT choca pela crueldade; polícia investiga
A
Polícia Civil de Mato Grosso em Cocalinho, a 850 km da capital Cuiabá, e o
Instituto Chico Mendes de Conservação e da Biodiversidade (ICMBio) tentam
identificar quem são as pessoas que aparecem em vídeo que mostra três
onças-pintadas, dois filhotes e a mãe, mortas de maneira violenta. A Polícia
Civil de Cocalinho iniciou as diligências desde a última terça-feira, 12, assim
que recebeu as imagens.
O
vídeo circula na internet e mostra os três animais aparecem abatidos, dentro da
carroceria de uma caminhonete. A pessoa que filmou, uma mulher, parabeniza um
dos suspeitos de ter matado os animais. O homem é chamado pelo apelido de
“Carrapicho”. No vídeo, ele conta que os três animais estavam em uma árvore e
que chegou a sentir “medo”.
O
delegado de Cocalinho, Valmon Pereira da Silva, disse à reportagem que, assim
que tomou conhecimento do vídeo, determinou a realização de diligências.
Segundo ele, pelas imagens, não haveria como identificar o local onde o vídeo
foi gravado. “As primeiras providências para apuração dos fatos já foram
tomadas”, afirmou.Douglas Trent, da ONG Bichos do Pantanal, em Cáceres, disse
que recebeu o vídeo pelo aplicativo Whatsapp e que, imediatamente, encaminhou o
material para o ICMBio local. Nesta quarta-feira, 13, ele recebeu a informação
do Instituto de que o caso está sob investigações e as imagens foram divulgadas
para todos os escritórios do ICMBio.O vídeo foi publicado na página do Facebook
do Instituto Onça-Pintada/Jaguar Conservation Fund (veja acima). Os
administradores fazem o seguinte comentário: “o conflito entre onças e seres
humanos tem sido uma tragédia para nosso símbolo da biodiversidade”. Até às 13
horas, o vídeo tinha mais de 3,8 mil visualizações e 2,2 mil comentários. No
Instagram, o projeto Onças do Iguaçu também reagiu ao vídeo. “As onças-pintadas
estão ameaçadas. Nossa espécie está pouco a pouco invadindo seus habitats,
tomando para si seus espaços e deixando esses animais cada vez mais
encurralados em áreas pequenas, que geralmente não são adequadas para sua
sobrevivência. Acabamos com suas presas e muitas vezes isso acaba levando as
onças a se alimentarem de animais domésticos, e aí são abatidas em retaliação”,
escreveu. “Estamos cansados do argumento preguiçoso de que ‘caça é cultural’.
Muita coisa errada já foi considerada ‘cultural’, inclusive escravidão. Caça é
crime.”O projeto Onçafari, que atua na região do Pantanal, defendeu um trabalho
mais efetivo de integração das populações locais e ribeirinhas aos projetos de
conservação a fim de promover um processo de desenvolvimento baseado no turismo
e na conservação desses animais. “Quando trazemos para nosso lado os moradores
que vivem em locais onde as onças existem, mostramos que a onça vale muito mais
viva do que morta (em todos os aspectos), começamos a ver uma mudança real no
comportamento da comunidade toda e eles próprios passam a proteger a fauna”,
defendeu a organização.Onça-pintada é símbolo brasileiroSímbolo da
biodiversidade brasileira, a onça-pintada ganhou data em calendário nacional, o
dia 29 de novembro. A portaria nº 8 é do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e
foi assinada em 16 de outubro de 2018.De acordo com dados oficiais, a onça é o
maior felino das Américas e, segundo especialistas do ICMBio, por ser topo de
cadeia alimentar e necessitar de grandes áreas conservadas para sobreviver,
permanece somente em áreas preservadas. No Brasil, ela vive em diversos biomas:
Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga, mas é nesta que ela é mais
ameaçada, sendo considerada criticamente em perigo de extinção. (Fonte: Uol)
Postar Comentário