Golpe na Bahia: Homem oferece emprego, cobra por teste da Covid para acesso à vaga e desaparece
Um
grupo de mulheres denuncia um falso empresário por cobrar dinheiro para
realizar testes de Covid-19, em Salvador, para admissão em um emprego que nunca
existiu, e desaparecer com os valores pagos. De acordo com as vítimas, mais de
100 pessoas foram lesadas e o homem já responde por outro crime da mesma
natureza.
Treze
pessoas compareceram à 11ª Delegacia Territorial, no bairro de Tancredo Neves
para registrar a ocorrência contra o homem, identificado como Renan Reis.
Segundo
as vítimas, que preferiram não se identificar, ele cobra entre R$ 70 e R$ 140
para a testagem, antes mesmo da seleção ocorrer e pedia a carteira de trabalho
das pessoas interessadas.
“Estou
aqui na 11ª Delegacia, no bairro de Tancredo Neves, em Salvador. Eu e mais 12
pessoas fomos lesadas pelo estelionatário Renan Reis prometendo emprego, usando
a empresa MD Cosméticos e transportadoras profissionais, sendo que nunca
existiu a empresa”, disse uma das mulheres.
Os
pagamentos foram feitos, mas os exames sequer chegaram a ser marcados. Em
conversas por aplicativo de mensagens, as vítimas cobraram o dinheiro ao falso
empresário. O suspeito disse que a Carteira de Trabalho foi encaminhada para
São Paulo e pede paga a pessoa aguardar o retorno.
“Acabei
fazendo um pix para a conta dele, uma conta física, onde ele alegava que esse
depósito seria mediante eu pagar 50% do teste da Covid-19 e a empresa iria
reembolsar logo que a gente começasse a trabalhar. Estamos esperando desde o
mês de junho o começo das atividades e nunca começa”, afirmou outra vítima.
Falsa esperança
Uma
das mulheres vítimas do falso empresário disse que está há um tempo
desempregada e decidiu buscar a suposta vaga de emprego anunciada pelo homem.
Ela também precisou fazer o pagamento e ficou no prejuízo.
“Ele
inicialmente me falou que era para eu ser promotora de vendas, que era para eu
trabalhar viajando. Porém como eu não fazia faculdade, ele me colocou para ser
assistente administrativa. Ele colocava até para eu fazer coisas que não era
para eu fazer, como RH. Ele colocava para eu recrutar pessoas, pediu dinheiro
que era R$ 120 ou R$ 130”, lamentou.
De
acordo com as denunciantes, o homem pedia indicações de outras pessoas para as
supostas novas vagas. Avisava que precisava dos documentos e pedia para que os
dados da conta dele fossem encaminhados às novas interessadas, para fazer o
teste.
Uma
das vítimas relatou que ficou interessada pela vaga por parecer atrativa e por
causa da atual situação financeira. Mas também acabou no prejuízo.
“Quando
você mexe com um pai de família que está desempregado, numa pandemia dessa, com
o gás de cozinha custando R$ 100, e aí você vê uma proposta de emprego
atrativa, então você quer acreditar naquilo”, desabafou.
Estelionato
O
advogado trabalhista Eliel Teixeira classificou a ação criminosa como prática
de estelionato, prevista no Código Penal Brasileiro, e que somente as empresas
devem arcar com exames dos trabalhadores.
“Infelizmente,
a gente vai ter que botar a culpa no processo, no inquérito. Se foi encaminhado
para o Ministério Público para oferecer denúncia contra ele. Porque está
mostrando que ele é um criminoso reincidente. O empregado não pode arcar com
nenhum custo de exame admissional, demissional ou periódico. É sempre arcado
pela empresa”, comentou.
A
Polícia Civil disse que o caso está sendo investigado pela 11ª DT e, embora o
caso tenha ocorrido em junho, foi registrado somente em 12 de agosto. O órgão
também confirmou que ele tem passagem por uma denúncia do ano passado, mas não
deu detalhes se o inquérito chegou a ser concluído.
A
reportagem tentou ouvir o falso empresário Renan Reis, para ter um
posicionamento, mas não conseguiu contato. (G1/BA)
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