PF apreende quase R$ 150 milhões em bitcoins de suspeito de 'pirâmide'
A
Polícia Federal divulgou no início da noite desta quarta-feira (25) que
Glaidson Acácio dos Santos, preso no início da manhã durante a Operação
Kryptos, tinha 591 criptoativos, que segundo a corporação dá aproximadamente R$
150 milhões em bitcoins.
Dono
da GAS Consultoria Bitcoin, Glaidson também R$ 13.825.091 e 100 Libras
Esterlina em espécie na casa.
Segundo
a PF, outros valores em moeda estrangeira, já depositados na Caixa Econômica
Federal, ainda não foram contabilizados.
A
ação conjunta desta quarta teve a participação da PF, Ministério Público
Federal (MPF), Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional.
Glaidson
é suspeito de fraude que movimentou “cifras bilionárias”.
Movimentação de R$ 2 bilhões
Segundo
as investigações, Glaidson, cujo histórico profissional era de garçom,
movimentou em pouco tempo R$ 2 bilhões em suas contas.
Ele
foi preso em uma mansão na Barra, na Zona Oeste do Rio. Policiais apreenderam
na casa dele reais, dólares e euros em espécie e até barras de ouro.
O
Bom Dia Rio apurou que o volume de dinheiro vivo surpreendeu até os agentes que
participam da ação: “Nem na Lava Jato”, disse um.
Ainda
de acordo com os agentes, a GAS também se apresentou como proprietária de R$
6,9 bilhões apreendidos em Búzios.
No
início da tarde, na porta da Superintendência da Polícia Federal do Rio, na
Praça Mauá, o advogado de defesa de Glaidson, Thiago Minagé, deu entrevista.
"Foi
uma surpresa. Não esperávamos isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de
procedimento ou investigação que pudesse levar a tal situação. 20 milhões é uma
quantia exacerbada e alta. Mas não é uma quantia que você possa afirmar que é
oriunda de prática criminosa", afirmou.
"Ganhar
dinheiro, ter R$ 20 milhões em casa, isso por si só não é um crime. A partir de
agora, a gente vai ver qual vai ser o caminho a seguir e traçar",
acrescentou o advogado.
As equipes saíram para cumprir nove mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no RJ, São Paulo, Ceará e Distrito Federal.
Até a última atualização desta reportagem, além de Glaidson, um homem havia sido preso no Aeroporto de Guarulhos (SP), tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana.
Outros três, segundo a PF, também foram detidos.
Balanço de apreensões e prisões
15
mandados de busca e apreensão cumpridos;
5
presos, sendo 3 no estado do Rio e 2 em SP, no Aeroporto de Guarulhos (GRU),
sendo 1 deles preso, também, em flagrante, por evasão de divisas ($ 25.434);
R$
13.825.091 e 100 Libras Esterlina, além de outros valores em moeda estrangeira,
já depositados na Caixa Econômica Federal, que ainda não foram contabilizados;
591
Bitcoins, na cotação de hoje, aproximadamente, R$ 147.750.000,00 em
criptomoedas;
21
veículos de luxo;
Diversos
relógios de alto valor;
Joias;
Celulares
e demais aparelhos eletrônicos;
Documentos
diversos.
O
Fantástico desta semana mostrou que a GAS era investigada há dois anos pelo
esquema, mas se disfarçava de consultoria em bitcoins, uma moeda digital.
Lucro
'fácil' em 'criptomoedas'
Glaidson prometia lucros de 10% ao mês nos investimentos em bitcoins, mas a força-tarefa afirma que a GAS nem sequer reaplicava os aportes em criptomoedas, enganando duplamente os clientes.
A empresa de Glaidson tinha muitos investidores em Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, que se tornou um paraíso dos golpes do tipo pirâmide financeira e ganhou até o apelido de Novo Egito, como o Fantástico mostrou há duas semanas.
"Nos últimos seis anos, a movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias, sendo certo que aproximadamente 50% dessa movimentação ocorreu nos últimos 12 meses", informou a PF.
A GAS não tinha site nem perfis em redes sociais, e o telefone disponível na Receita Federal não funcionava.
Os
mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio. Também fazem
parte da força-tarefa o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco/MPF) e a Procuradoria de Fazenda Nacional.
De garçom a bilionário
Um
registro do Ministério do Trabalho mostra que até 2014 Glaidson recebia pouco
mais de R$ 800 por mês como garçom.
Em
fevereiro deste ano, Glaidson fez uma festa de aniversário com direito a show
do cantor João Gabriel. Dois meses depois, mais de R$ 7 milhões foram
apreendidos em um helicóptero.
O
dinheiro estava em três malas e, segundo as investigações, seria levado para
São Paulo por um casal que trabalhava para a GAS Consultoria Bitcoin.
Anteriormente,
em depoimento à polícia, Glaidson negou negociar criptomoedas. Alegou que
atuava com "inteligência artificial, tecnologia da informação e produção
de softwares".
Já
para os clientes, o empresário dizia que investia no ramo das criptomoedas
havia nove anos.
Além
da GAS Consultoria Bitcoin, pelo menos dez empresas que oferecem investimentos
com lucro alto e rápido na cidade são alvo de investigação. (G1)
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