Região de Guanambi: Estudante quilombola de Candiba é aprovada em medicina
Nascida
na comunidade quilombola de Lagoa dos Anjos, zona rural de Candiba, no Sudoeste
da Bahia, Carlúcia Alves Ferreira, 21 anos, se tornou caloura do curso de
medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul.
Encarar
o vestibular de uma instituição de ensino pública é um grande desafio, mas se
tornar médico ainda é mais difícil para quem sempre foi aluna da rede pública.
Ela concluiu o Ensino Médio em 2019, em Tempo Integral, no Colégio Estadual
Antônio Batista.
Ainda
em 2019, ela foi aprovada no vestibular de Enfermagem na Universidade Estadual
da Bahia (UNEB), mas preferiu cancelar a matricula e desistiu do curso. O
empecilho encontrado pela jovem desde criança serviu de inspiração para
Carlúcia continuar lutado pelo sonho de
ser médica.
“Comecei
a estudar em casa (sic), com auxílio das plataformas gratuitas e de conteúdos
do projeto ENEM 100%. Estudava de segunda a sexta, fazia duas redações e
sumulado por semana. Tive apoio dos professores da escola, em especial da
professora de Redação Vina Queroz, que reunia comigo para passar estratégia”,
disse Carlúcia.
Em
setembro do mesmo ano, ela foi destaque do programa ‘Como Será?’ da Rede Globo
de Televisão, com o grupo de dança.
De
acordo com Carlúcia, além da rotina de estudo diariamente, ela se dedicava a
pequenos empreendimentos, venda de lanches artesanal e aula de reforço escolar,
mas sempre contou com o apoio dos pais.
Filha
da lavradora Luciene Santos Alves Silva, 47 anos, ela diz estar realizada com a
conquista da filha. “Sempre sonhei e estudar, mas naquela época isso não era
possível na comunidade”, comenta Luciene.
Vina
lembra a capacidade da aluna que já aparecia na sala de aula, sendo uma menina
que participava de todos os eventos, inclusive nos desfiles da instituição de
ensino. “Era lindo ver o seu poder de liderança, mas o que mais chamava a
atenção eram seus traços culturais, sendo protagonista da sua própria
história”, disse Vina.
Ainda
de acordo com Carlúcia, por conta da pandemia ela iniciou o curso na modalidade
EAD. (Folha do Vale)
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