Barreiras: Defensoria aponta declarações xenófobas de advogada no 1º turno das eleições e pede pagamento de indenização
A
Defensoria Pública da Bahia entrou na Justiça com uma Ação Civil Pública contra
a advogada Geisa Freire Barbosa, que após o primeiro turno das eleições, fez
declarações xenófobas contra moradores de Barreiras, no oeste do estado, além
de ofensas contra baianos e nordestinos.
A
ação pede uma indenização de R$ 50 mil, por danos morais e coletivos. Ainda
segundo o pedido, entidades de combate ao racismo, preconceito e xenofobia
devem receber o valor.
Além
disso, a Defensoria Pública pede a imediata retratação de ofensas, por todos os
meios de comunicação disponíveis, especificamente, na rede social da ré e em
jornal local, no prazo de 48 horas, sob pena de imposição de multa de R$ 1 mil
por dia. Após a repercussão do vídeo, o perfil da advogada foi desativado.
De
acordo com a Defensoria Pública da Bahia em Barreiras, o objetivo do processo é
buscar “reparação pelos danos morais coletivos causados à milhões de
brasileiros nordestinos, a população baiana e barreirense, que aqui residam ou
tenham se originado, em virtude do vídeo divulgado pela ré, em que propaga
falas preconceituosas e discriminatórias à população citada”, diz a
coordenadora da regional da Defensoria na cidade, Laís Daniela Sambüc.
Além
da coordenadora, outros quatro defensores públicos assinam a Ação Civil. O
órgão aponta ainda que a conduta da advogada prevê crimes resultantes de
preconceito de raça, cor e mesmo de procedência nacional e que há pena de multa
e reclusão de um a três anos em casos de praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
A
DPE destaca ainda que, caso a advogada seja denunciada pelo Ministério Público
via ação penal, a pena poderá chegar, em caso de eventual sentença penal condenatória,
a cinco anos de prisão.
O
g1 tenta contato com Geisa Freire Barbosa, mas até o momento não obteve
contato.
Ofensas divulgada nas redes
No
vídeo gravado e divulgado pela advogada Geisa Freire Barbosa em redes sociais,
ela faz ofensas contra a moradores de Barreiras, que é vizinha de Luis Eduardo
Magalhães, cidade da advogada, e um dos dois únicos munícipios do estado, onde,
no primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro venceu o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
“Eu
tô feliz, porque minha cidade tem um pessoal que ainda pensa. Barreiras, além
de ser cheia de muriçoca, é cheia de petista. Barreiras, que vergonha
Barreiras! É por isso que, gente, Barreiras… a gente sempre vai ter rixa com
gente de Barreiras porque uma situação dessa aí, o PT ganhar em Barreiras é
fora da casinha. Por isso que Barreiras é feia!”, diz a advogada.
Geisa
Freire Barbosa diz ainda que “o brasileiro é uma fraude. Somos uma fraude
política. Todo ano, toda eleição tem a questão do nordeste: ‘ah, que o nordeste
elegeu petista’; ‘ah, xenofobia contra o nordeste’. Gente, eu, como nordestina
e baiana, digo e toda eleição eu digo: o Nordeste tem que se lascar. A Bahia
também tem que se lascar, para não falar outro palavrão aqui”.
OAB-BA diz repudiar declarações
Após
a divulgação do vídeo, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia e a
subseção Barreiras divulgaram notas de repúdio contra a postura da advogada. De
acordo com a OAB, o caso foi encaminhado para o Tribunal de Ética e Disciplina
da seccional para apuração e adoção das sanções cabíveis. A entidade diz ainda
que o Ministério Público foi acionado para tomar providências.
"Discursos
discriminatórios e preconceituosos acerca de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional violam o princípio democrático, ofendem a dignidade da
pessoa humana e da advocacia e não podem ser toleradas na sociedade e muito
menos na OAB", disse a nota da entidade.
Daniela
Borges, presidente da OAB da Bahia, também comentou o caso. "As
declarações discriminatória da colega ultrapassam todos limites da liberdade
expressão e não são condizentes com a postura que se espera de uma profissional
da advocacia", disse. (g1 Bahia)
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