Lula e Bolsonaro vão para o segundo turno, e disputa ao Planalto será definida no dia 30
Os
candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o
segundo turno das eleições presidenciais.
A
confirmação de que haverá segundo turno foi anunciada pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) às 21h25, quando 96,93% das urnas já tinham sido apuradas.
Àquela altura, Lula tinha 47,85% dos votos válidos, e Bolsonaro 43,7% .
No
momento em que o segundo turno foi confirmado pelo sistema de totalização de
votos, a candidata Simone Tebet (MDB) tinha 4,22% dos votos válidos, e o candidato
Ciro Gomes (PDT), 3,06%.
Com
o resultado, daqui a quatro semanas, no dia 30, eleitores de todo o país vão
definir entre a volta do PT – que governou o país por 14 anos, somando os
governos Lula e Dilma Rousseff – e a continuidade do governo Bolsonaro iniciado
em 2018.
O
candidato eleito em segundo turno toma posse no cargo no próximo dia 1º de
janeiro, em cerimônia no Congresso Nacional. Desta vez, o mandato presidencial
terá quatro dias a mais: uma reforma eleitoral aprovada em 2021 definiu que, em
2027, a posse presidencial será em 5 de janeiro.
Ritmo
da apuração
Lula
começou liderando assim que o TSE iniciou a apuração nas primeiras urnas. O
candidato do PT perdeu a dianteira para Bolsonaro às 17h13. Bolsonaro, então,
ficou na frente por quase duas horas. Ele voltou à segunda posição às 20h02.
Desde então, o petista aumentou a diferença para o atual presidente.
Ciro
Gomes (PDT) apareceu em terceiro lugar entre 17h04 e 17h10, quando perdeu o
posto para Simone Tebet (MDB).
O
dia dos candidatos
Lula
e Bolsonaro chegaram cedo às seções eleitorais para registrar seus votos neste
domingo. Ambos votaram antes das 9h, ainda durante a primeira hora de votação.
Lula
votou na escola estadual João Firmino em São Bernardo do Campo, no ABC
Paulista. Após votar, ele beijou o comprovante e disse ser a eleição mais importante
do país.
"Essa
é a eleição mais importante. Estou muito feliz", disse. O candidato do PT
estava acompanhado da mulher, Janja, do candidato a vice-presidente Geraldo
Alckmin (PSB) e de políticos e candidatos do PT.
“Há
quatro anos eu não pude votar porque eu tinha sido vítima de uma mentira nesse
país. Eu estava detido na polícia federal exatamente no dia da eleição. Tentei
fazer com que a urna fosse até a cela para eu votar, não levaram. E quatro anos
depois, eu estou aqui, votando com reconhecimento da minha total liberdade e
com a possibilidade de voltar a ser presidente da república desse país, para tentar
fazer esse país voltar à normalidade", disse Lula.
Já
Bolsonaro registrou seu voto na Vila Militar, Zona Oeste do Rio. Ao ser
questionado por jornalistas estrangeiros se respeitaria o resultado das
eleições, Bolsonaro disse que: "Eleições limpas têm que ser
respeitadas".
Antes
de deixar a zona eleitoral, o atual presidente chegou a virar as costas para
outro grupo de jornalistas ao ser novamente perguntado sobre o processo
eleitoral. "Eleições limpas, sem problema nenhum. Que vença o melhor",
disse ele antes de ir embora.
"Nesses
45 dias, fui praticamente em todos os estados do Brasil. Ontem [sábado] em
Joinville, algo nunca visto no Brasil. Tanta gente na rua nos apoiando.
Infelizmente eu não vi isso na imprensa. Mas tudo bem, faz parte da regra do
jogo. O que vale é o 'datapovo'”, disse o candidato do PL à presidência da
República.
Lula
acompanhou a votação em um hotel no centro de São Paulo. Bolsonaro, na
residência oficial do Palácio da Alvorada, em Brasília.
TSE:
Eleição 'tranquila e harmoniosa'
No
início da tarde, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro
Alexandre de Moraes, afirmou em entrevista que a votação vinha sendo realizada
de forma "tranquila e harmoniosa". Moraes citou a ocorrência de
problemas comuns em dias de votação, como filas um pouco maiores no horário do
almoço.
O
presidente do TSE também afirmou que a Justiça Eleitoral não registrou
ocorrências específicas relacionadas ao descumprimento ou questionamento das
medidas de segurança implementadas este ano – como a proibição de levar o
celular para a cabine de votação e a proibição de portar armas nas imediações
da seção eleitoral.
"Dia
de eleição não é dia de arma. Eu digo, disse e repito, a arma do eleitor é o
voto. Não se justifica que no dia de eleição, quando há uma aglomeração maior
de pessoas, as pessoas saiam para praticar tiro. Tem outros dias para
isso", disse Moraes.
Até
o fim da manhã, o Ministério da Justiça e Segurança Pública contabilizava 200
registros de crimes eleitorais, incluindo 75 ocorrências de boca de urna e nove
violações do sigilo do voto. Os números definitivos devem ser divulgados no
início da semana.
As
chapas na disputa
A
chapa que recebeu o maior número de votos no primeiro turno é formada pelo
ex-presidente Lula e pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) –
candidatos a presidente e vice, respectivamente.
A
antes improvável aliança entre Lula e Alckmin foi confirmada em abril, poucos
meses após o ex-governador deixar o PSDB, partido que ajudou a fundar e ao qual
foi filiado por 34 anos. Ao longo da campanha, Alckmin agiu para reduzir a
resistência de empresários e investidores à campanha de Lula.
Do
outro lado da disputa, estão o presidente Jair Bolsonaro e o general Braga
Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa de 2020 até março deste ano.
Braga
Netto ocupa na chapa o espaço deixado pelo atual vice-presidente Hamilton
Mourão, que protagonizou descompassos com Bolsonaro nos últimos quatro anos e
até foi alvo de críticas públicas do presidente.
Mais
sintonizado com o presidente, Braga Netto é também um vice mais próximo da
cúpula das Forças Armadas – o que serve aos propósitos de Bolsonaro de usar os
militares como um elemento de manifestação de poder e autoridade nas
negociações políticas.
Campanha
polarizada
Em
2022, o Brasil teve a campanha mais curta no primeiro turno das eleições
presidenciais desde 1994: foram 46 dias até este domingo.
Desde
o princípio, em 15 de agosto, Lula e Bolsonaro já despontavam como os únicos
candidatos com chances reais, reeditando a polarização de 2018.
Ao
longo dos últimos quase 50 dias, o candidato do PT e o do PL centraram esforços
em consolidar as suas bases e buscar votos dos indecisos e da chamada terceira
via. As estratégias das duas campanhas passaram por ataques mútuos nas
propagandas de rádio e TV, nos comícios e nos debates.
Até
este sábado (1º), no entanto, os principais institutos de pesquisa – IPEC e
Datafolha – não conseguiam cravar se haveria, ou não, um segundo turno na
eleição presidencial. Lula oscilou em torno dos 50% de votos válidos na maioria
dos levantamentos nacionais ao longo da campanha, enquanto Bolsonaro gravitava
em torno dos 30%.
Reta
final do 1º turno
Nos
últimos dias, conforme as principais pesquisas de intenção de voto apontavam a
candidatura da Lula com cerca de 50% dos votos válidos – ou seja, próxima ao
limite para uma vitória em primeiro turno –, as equipes de Lula e Bolsonaro se
basearam nesses dados para redirecionar os esforços de campanha.
No
caso de Lula, a campanha buscou conquistar o chamado "voto útil" –
quando o eleitor decide votar no candidato mais bem classificado para ajudar a
encerrar a disputa mais rapidamente. A intenção era atrair simpatizantes de
candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) que, ao votar em Lula,
estariam ajudando a evitar um segundo turno com Bolsonaro.
Já
a campanha de Bolsonaro intensificou as críticas aos 14 anos de gestão do PT,
com foco nos escândalos de corrupção e na crise enfrentada por países
governados pela esquerda na América Latina. O principal objetivo, nesse caso,
era reduzir a intenção de voto em Lula no primeiro turno, colocando-o abaixo
dos "50% + 1" necessários para uma vitória nessa rodada de votação.
(Fonte: g1)
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