Lira se reelege presidente da Câmara com recorde de 464 votos
O
deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito nesta quarta-feira (1º) como
presidente da Câmara dos Deputados e ficará no comando da Casa pelos próximos
dois anos, até 2025.
Lira
teve 464 votos, recorde para uma votação na Câmara. O recorde pertencia aos
ex-presidentes da Câmara João Paulo Cunha (PT), em 2003, e Ibsen Pinheiro
(PMDB), em 1991, ambos com 434 votos. Só que, ao contrário de Lira, eles eram
candidatos únicos.
Dos
513 deputados, 509 votaram. Concorriam com Lira, os deputados:
Chico
Alencar (PSOL-RJ): 21 votos
Marcel
Van Hattem (Novo-RS): 19 votos
Além
disso, houve 5 votos em branco.
Lira
é um dos principais articuladores políticos do Centrão e conseguiu nesta eleição
fazer alianças com partidos de posições políticas diferentes, como o PL e o PT.
O bloco de apoio ao parlamentar reuniu 496 dos 513 deputados federais. A
composição foi formalizada mais cedo na Secretaria-Geral da Mesa (SGM).
No
discurso, da vitória, Lira disse que "continuaremos devotos da
democracia".
Relação com Lula e Bolsonaro
Lira
foi um dos principais defensores e articuladores das emendas de relator,
recursos que ficaram conhecidos como orçamento secreto pela falta de
transparência e pela disparidade na distribuição entre parlamentares. Esses
recursos foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
no ano passado.
Nos
dois primeiros anos de mandato como presidente da Câmara, foi aliado do então
presidente Jair Bolsonaro e ajudou a articular pautas de interesse do
Executivo. No ano passado, Lira chegou a fazer campanha a favor da reeleição de
Bolsonaro.
Contudo,
em outubro passado, Lira foi uma das primeiras autoridades da República a
parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória nas urnas.
Desde
então se aproximou do presidente eleito. Em entrevista à GloboNews nesta
terça-feira (31), Lira afirmou que tem uma relação “tranquila” com Lula e que
“nunca” fez críticas pessoais ao petista.
O
parlamentar tem dito que os governos têm “múltiplas faces” e que apoiava no
governo Bolsonaro a “face” do governo liberal na economia, não as pautas
antidemocráticas.
Em
dezembro, patrocinou uma pauta essencial para o governo eleito de Lula, a
proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, que abriu espaço no teto
de gastos para que o governo eleito pagasse o Bolsa Família no valor de R$ 600,
uma promessa de campanha.
O
presidente da Câmara disse, ainda, que pretende articular junto ao governo
federal, ainda neste ano, a aprovação de uma proposta que apresente um novo
“arcabouço fiscal” para o país. Para Lira, o texto deve conter responsabilidade
fiscal e garantir, ao mesmo tempo, o “avanço dos programas sociais”.
Mais
cedo, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
disse que uma das prioridades do governo é a reforma tributária.
Perfil
Nascido
em Maceió (AL), tem 53 anos, é empresário, advogado e agropecuarista. Formado
em direito pela Universidade Federal de Alagoas, Lira é deputado federal desde
2011, e este ano inicia seu quarto mandato parlamentar.
Além
do PP, o deputado também já foi filiado a partidos como PFL (hoje União
Brasil), PSDB e PTB.
Na
Câmara, já atuou como líder do PP e comandou as comissões de Constituição e
Justiça (CCJ) e de Orçamento - duas das comissões mais importantes da Casa; a
primeira, por analisar a constitucionalidade dos projetos; a segunda, por
definir o Orçamento da União.
Em
2021, Lira se elegeu presidente da Câmara com 302 votos, em primeiro turno. Na
ocasião, tinha o apoio do então presidente Jair Bolsonaro e venceu por larga
margem o segundo colocado, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo então presidente
da Casa Rodrigo Maia e que recebeu 145 votos.
O
deputado foi um dos responsáveis pela aproximação do governo Bolsonaro com o
Centrão - antes crítico do bloco, Bolsonaro depois passou a dizer que ele mesmo
era do Centrão e que não teria como governar sem esses partidos.
Arthur
Lira tem cinco filhos e é filho do ex-senador e atual prefeito de Barra de São
Miguel (AL), Benedito de Lira.
Benedito
participou na manhã desta quarta-feira da sessão de posse dos deputados, no
plenário da Câmara, mas passou mal e precisou ser levado ao hospital. (Fonte:
g1)
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