Grávida de 8 meses morre após receber coquetel de vitaminas em farmácia
Uma
grávida de 8 meses morreu após receber um coquetel de vitaminas para aumentar a
imunidade em uma farmácia do Bairro Tijucal, em Cuiabá, nessa terça-feira (4).
A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que a principal
suspeita é que Elaine Ellen Ferreira Vasconcelos, de 32 anos, foi a óbito após
um choque anafilático pelo uso de medicações endovenosas, no entanto, a
confirmação será feita após exame. O bebê esperado por ela era uma menina e
também morreu.
O
dono da farmácia, contou ao g1 que Elaine procurou o estabelecimento para tomar
uma medicação para fortalecer a imunidade, sendo indicado o Neo Cebetil –
complemento vitamínico dos complexos B e C. “Já aplicamos há tantos anos e não
vimos ninguém passar mal, infelizmente, aconteceu essa fatalidade. Ninguém
esperava”, disse. Segundo ele, antes de terminar a aplicação do medicamento, a
gestante começou a passar mal e a aplicação foi suspensa.
Um
familiar de Elaine, que não quis ter a identidade divulgada, disse que a
mulher, que era fisioterapeuta, estava com sintomas iniciais de uma gripe, mas
não tinha histórico de doenças graves. Ele contou que a equipe da farmácia não
tinha os equipamentos e medicamentos necessários para o socorro e que foi
acionado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Se a pessoa
responsável fosse capacitada para estabilizar ela até vir o socorro, ela não
teria morrido. Além disso, as duas ambulâncias que chegaram para socorrer não
tinham CO2 e nem desfibrilador e aí levaram ela para o hospital. Foi
negligência do Samu e do farmacêutico”, ressaltou.
A
reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) para
saber sobre a situação das ambulâncias no estado e o motivo da falta de
remédios e equipamentos necessários para esse tipo de caso, mas não obteve
retorno. De acordo com a Polícia Civil, que investiga o caso, os prontuários
médicos do Samu informaram que Elaine foi encontrada na farmácia já em parada
cardiorrespiratória, sendo iniciado os procedimentos de reanimação. Segundo a
polícia, a vítima foi encaminhada ao hospital com o objetivo de salvar a mãe e
o bebê. Na unidade de saúde, ela foi encaminhada para uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), mas Elaine e o filho já estavam sem sinais vitais. A polícia
informou que o medicamento tomado pela gestante na farmácia foi recolhido para
perícia.
Aplicação
proibida
O
presidente do Sindicato dos Profissionais Farmacêuticos de Mato Grosso (Sincofarma-MT),
José Antônio Parolin, explicou que todos os associados recebem treinamentos e
participam de cursos de injetáveis, no entanto, a Farmácia Drogarias Econômica,
responsável pela aplicação do medicamento, não é associada do sindicato. A
orientação do sindicato, segundo o presidente, é fazer o uso de qualquer
injetável mediante receita médica. A aplicação pode ser feita por um técnico,
desde que tenha diploma de curso de injetáveis, e sob a orientação de
farmacêutico.
“Para
aplicar esse tipo de injeção em uma grávida deveria ter uma receita, mas, por
ser um coquetel de vitaminas, as pessoas aplicam sem receita. Essa é uma
prática do brasileiro há muitos anos, que querem um efeito mais rápido mediante
a uma gripe, e mais comum ainda em farmácias de bairro”, explicou. O presidente
disse ainda que, para realizar a aplicação do medicamento, é obrigatório ter
ampolas de adrenalina e de antialérgico por perto e que o socorro à vítima deve
ser imediato. “Ela pode ter tido uma reação alérgica, que é algo que não tem
como prever. Muitas pessoas têm alergias às vitaminas do complexo B, que
precisam ser aplicadas bem lentamente. Se a pessoa começa a passar mal, deve
parar e prestar o socorro imediato. Acionar o Samu é arriscado devido ao tempo
de espera”, pontuou. O g1 entrou em contato com o Conselho Regional de Farmácia
(CRF-MT) para saber sobre a regularização da farmácia citada e dos
profissionais que atuam nela, mas a instituição não respondeu. (Fonte: g1/MT)
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