Caso Dimas: Ruptura de órgão por possível ‘penetração violenta’ pode ter causado a morte de Lívia Gabriele, aponta laudo
O
atestado de óbito de Lívia Gabriele da Silva Matos, de 19 anos, indica que a
jovem morreu em decorrência de uma ruptura em região genital. Lívia morreu na
noite de terça-feira após encontro com Dimas Cândido Filho, jogador do sub-20
do Corinthians. O documento emitido pelo Hospital Municipal do Tatuapé foi
obtido pelo g1 e informa que foi constatada uma “rutura (sinônimo de ruptura)
de fundo de saco de Douglas com extensão à parede vaginal esquerda”.
O
Instituto Médico Legal (IML) ainda realizará esses exames complementares no
corpo da jovem que poderão indicar a causa dessa ruptura numa região que fica
na parte baixa do abdômen, entre o útero e o reto. Saco de Douglas é o nome
dado a uma cavidade na parte baixa do abdômen, próxima à região genital. A
região também é conhecida ainda como “escavação retouterina”, “bolsa de Douglas”
ou “espaço de Douglas”.
Ruptura quando ocorre é grave
A
“ruptura de fundo de saco de Douglas com extensão à parede vaginal esquerda” é
citada no atestado de óbito como a causa da morte da jovem Livia Gabriele da
Silva Matos, de 19 anos. Ela morreu após um encontro com o jogador Dimas
Cândido de Oliveira Filho, do sub-20 do Corinthians. Tanto homens quanto
mulheres possuem essa cavidade. Nas mulheres, o espaço está localizado entre o
útero e o reto. Nos homens, a estrutura fica entre o reto e a bexiga.
A
bolsa de Douglas desempenha um papel relevante no diagnóstico e tratamento de
problemas ginecológicos e abdominais, como endometriose e acúmulo de líquido na
cavidade abdominal por conta de doenças hepáticas. De acordo com a
ginecologista do Hospital Albert Einstein Carolina Fernandes Giacometti, essa
área é essencial para a detecção de condições de saúde como: Endometriose; Miomas
e tumores pélvicos; Doença inflamatória pélvica; Cistos ovarianos; Líquido na
região abdomina. De acordo com o Dicionário Médico da Universidade de Navarra,
esta região da anatomia foi descrita pelo anatomista escocês James Douglas, e
foi batizada com seu nome.
Especialistas explicam ruptura
Cassio
Riccetto, coordenador da disciplina de urologia feminina da Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU), explica que essa área normalmente se distende
durante da relação sexual, mas a ruptura não é comum. “A ocorrência de rotura
do fundo do saco vaginal é muito rara, mas, quando ocorre, pode haver
sangramento vaginal e no interior da cavidade abdominal”, comenta. A
ginecologista Carolina Giacometti afirma que a região é composta por tecidos
elásticos e flexíveis, mas que não são naturalmente propensos a rompimentos
espontâneos. “Há situações específicas em que o rompimento pode ocorrer e isso
geralmente está associado a condições médicas, como, por exemplo, uma cirurgia
prévia no local ou eventos traumáticos na área”, analisa.
Helga
Marquesini, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, também pontua que lesões
no tecido vaginal podem acontecer por diferentes motivos. “Podem ocorrer no
parto, com lacerações mais ou menos extensas; por traumas locais, durante
relações sexuais ou na penetração com objetos; por fraturas pélvicas ou
acidentes”, explica. Em casos mais graves, quando o sangramento é volumoso,
pode levar a uma condição chamada de choque hemorrágico, na qual há queda
abrupta da pressão arterial. Nessas situações, o tratamento é cirúrgico e deve
ser realizado imediatamente.
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